Wednesday, December 12, 2007

O relógio da torre do mercado


“Fabricado em França, na empresa Horloges Bodet, era considerado um relógio revolucionário para a época. Mas a [sua] importância não impediu que a máquina estivesse parada quase 20 anos. Só em 1998 a Câmara Municipal de Lisboa decidiu contratar um dos mais prestigiados relojoeiros portugueses. António Franco foi chamado para inspeccionar o relógio da torre. Em menos de um ano, o sistema mecânico foi restaurado e o mostrador teve de ser feito de novo. Um mostrador que guarda a assinatura do homem que permitiu que os cacilheiros voltassem a guiar-se pelo relógio da torre do mercado”.

O mercado é o Mercado da Ribeira, um dos mais belos edifícios da cidade no seu género e função, e o texto, extraído do livrinho que lhe é dedicado na colecção Lisboa Porta a Porta. Desde então passaram quase dez anos. Na segunda-feira, dia em que a fotografia acima foi tirada, o relógio estava atrasado – ou adiantado – várias horas, mas hoje – e não era ilusão de óptica – estava a funcionar apenas com um ligeiro atrasado de minutos. Se isso significar que houve intervenção de manutenção, será de aplaudir. Se foi apenas uma coincidência e há problemas de funcionamento, então está na hora de o reparar de novo: a estima pela cidade mede-se também por esses gestos - ter os seus relógios em boas condições de conservação e dando a hora certa. O Mercado da Ribeira, nunca será de mais lembrá-lo, figura entre os últimos testemunhos da acção e da visão de Frederico Ressano Garcia (1847-1911), um dos melhores técnicos que a Câmara de Lisboa alguma vez teve, e cuja cidade se esfuma hoje diante dos nossos olhos para lucro de alguns e prejuízo de todos os outros.



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