Wednesday, December 31, 2008

2009


O tempo, como o Mundo, tem dois hemisférios: um superior e visível, que é o passado, outro inferior e invisível, que é o futuro. No meio de um e outro hemisfério ficam os horizontes do tempo, que são estes instantes do presente que imos vivendo, onde o passado se termina e o futuro começa.
António Vieira, S.J. (1608-1697)

Ninguém pára o Futuro.
Que 2009 comece. E avance. E acabe.
O melhor possível.

Saturday, December 27, 2008

Como "ver" o segundo extra de 2008


Como já referimos aqui, o ano de 2008 vai ter no seu final um "segundo intercalar" ou "leap second" em inglês. Segundo o International Earth Rotation Service (IERS), que é o organismo responsável pela decisão da introdução deste segundo adicional, a passagem do dia 31 de Dezembro de 2008 para o dia 1 de Janeiro de 2009 deverá ocorrer segundo a sequência:
2008 Dezembro 31, 23h 59m 59s
2008 Dezembro 31, 23h 59m 60s
2009 Janeiro 1, 00h 00m 00s

A esmagadora maioria dos relógios digitais não está preparada para mostrar "23h59m60s", passando imediatamente dos 59s para os 00s. Neles, o acerto terá que ser feito manualmente.

Mas há pelo menos um relógio que poderá seguir comodamente, em casa, e que lhe dará a possibilidade de "ver" esse segundo extra, enquanto tocam as doze badaladas e você tenta não se enganar na escolha dos desejos e na deglutição das tradicionais passas.

Falamos do relógio que se encontra no site do Observatório Astronómico de Lisboa, a entidade que em Portugal superintende no Tempo e na Hora Legal.

Assim, se na Passagem do Ano, tiver o computador ligado a http://www.oal.ul.pt/ terá oportunidade de ver o segundo intercalar e começar 2009 no passo certo.

Tuesday, December 23, 2008

Observatório no Anuário Relógios & Canetas




Acaba de chegar às bancas a edição 2009 do Anuário Relógios & Canetas, e o Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa é noticiado.

Thursday, December 18, 2008

Portugal, a China, os Relógios e um que esteve no Arco da Rua Augusta




O antigo relógio do Convento de Jesus (actual Academia das Ciências), que foi parar ao Arco da Rua Augusta, adaptado por Augusto Justiniano de Araújo, já foi restaurado, por Luís Cousinha, e está patente temporariamente numa exposição sobre um jesuíta português na corte de Beijing, que entre outras coisas fez relógios.


(extracto da Nota que fizemos ao Catálogo da exposição sobre Tomás Pereira, S.J., patente no Centro Científico e Cultural de Macau, à Junqueira, em Lisboa)

O relógio patente nesta exposição é um exemplar do século XVIII, possivelmente de fabrico nacional, provavelmente anterior ao Terramoto, proveniente do Convento de Jesus, em Lisboa, e intervencionado no final do século XIX.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, o espólio dos vários conventos, incluindo relógios, passa para terceiras mãos, sejam elas o Estado ou os particulares. O Convento de Jesus passou a albergar a Academia das Ciências, local onde ainda hoje a instituição se encontra, e o relógio saiu de lá em 1883. Foi parar ao Arco Triunfal da Rua Augusta, que era finalmente construído, mais de um século após o terramoto de 1755.
O relógio do Convento de Jesus é um exemplar da chamada relojoaria grossa ou férrea e as suas peças estão arrumadas numa gaiola cavilhada, característica da técnica dos séculos XVII e XVIII. Como relata a imprensa da época, o relógio “não estava preparado para indicar as horas para o lado da rua”. Ou seja, era, como muitos exemplares do seu tempo, para “bater” e não para “mostrar” o tempo, não tinha mostrador. Assinalava sonoramente as horas e os quartos através de sinos que estavam a ele ligados. Quem o adaptou para ter mostrador e ponteiros e lhe deu um novo escape (substituindo o de folliot por um de âncora) foi Augusto Justiniano de Araújo, o fundador da Escola de Relojoaria da Casa Pia de Lisboa, ainda hoje a única que se dedica ao ensino da relojoaria em Portugal. O relógio acaba de ser restaurado, numa acção de mecenato que incluiu também a recuperação do relógio que se encontra actualmente no Arco da Rua Augusta e que o foi substituir nos anos 40 do século passado.
Escolhemos este exemplar de relojoaria grossa para ilustrar o tipo de relógios que os padres jesuítas fabricavam no século XVII na China. Foram os portugueses que introduziram a relojoaria mecânica, primeiro na Índia, depois na China, no Vietname, na Coreia e no Japão, quase sempre pela mão pioneira dos Jesuítas. […]
Tomás Pereira (1645-1708), músico de formação, construía os seus próprios órgãos e, aplicando os conhecimentos musicais e mecânicos, construiu mesmo um enorme carrilhão, com relógio, que colocou numa das torres da igreja dos jesuítas, na capital do império. É esse relógio com carrilhão que aparece na célebre gravura incluída na Mursurgia Universalis, de Atanásio Kircher, de 1650. O mecanismo de relojoaria accionava um tambor com espigões, semelhante aos das caixas de música, que por sua vez accionavam arame ligados a sinos, assinalando todas as horas com melodias tradicionais chinesas. […]

Wednesday, December 10, 2008

Segundo intercalar será introduzido no final de 2008


No próximo dia 31 de Dezembro será introduzido um segundo extra (leap second, ou segundo bissexto) ao Tempo Universal Coordenado (UTC). Assim, às 23 horas, 59 minutos e 59 segundos do último dia do ano não se seguirão as zero horas, zero minutos e um segundo do primeiro dia de 2009, havendo um segundo extra colocado no meio. Em Portugal, será o Observatório Astronómico de Lisboa (http://www.oal.ul.pt/) a coordenar o processo, já que ele é a entidade que emite e regula para todo o território nacional a chamada Hora Legal. É de lá que respigamos algumas explicações básicas:
O Tempo Universal Coordenado (UTC) é a escala de tempo de referência e é derivada do Tempo Atómico Internacional (TAI) calculado pelo Bureau International des Poids et Mesures (BIPM) usando uma rede mundial de relógios atómicos. O UTC, que difere do TAI por um número inteiro de segundos, está na base de todas as actividades mundiais. UT1 é a escala de tempo baseada na observação da velocidade de rotação da Terra, que, actualmente, é derivada usando VLBI (Very Large Baseline Interferometry). As variações irregulares progressivamente identificadas na velocidade de rotação da Terra conduziram, em 1972, à substituição do UT1 como escala de tempo de referência. No entanto, era desejável pela comunidade científica internacional, manter a diferença UT1-UTC menor do que 0,9 segundos, para assegurar a concordância entre as escalas de tempo físicas e astronómicas.
Desde a adopção deste sistema em 1972 foi necessário adicionar 23 segundos ao UTC. Este facto deveu-se, em primeiro lugar, à escolha inicial do valor do segundo (1/86400 do dia solar médio do ano de 1820) e, em segundo lugar, à diminuição progressiva da velocidade de rotação da Terra. A decisão de introduzir um segundo intercalar ao Tempo Universal Coordenado é da responsabilidade do International Earth Rotation Service (IERS). De acordo com os acordos internacionais a introdução destes segundos deverá ser efectuada, de preferência no final dos meses de Dezembro ou Junho, ou em caso de necessidade, no final dos meses de Março e Setembro. Desde que o sistema entrou em vigor em 1972, só foram introduzidos segundos intercalares em alguns dos meses de Junho e Dezembro.
O último segundo adicional foi introduzido no dia 1 de Janeiro de 2006 às 0h UTC.
Para saber mais sobre o Leap Second, ver http://tycho.usno.navy.mil/leapsec.html.

Sunday, December 7, 2008

Observatório na Focus




Já saiu o suplemento anual da Focus dedicado à Relojoaria e o Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa vem lá referido.

Sunday, November 30, 2008

O relógio do Paço da Ribeira e a Restauração do 1º de Dezembro




Representação do Relógio do Paço (Museu do Azulejo) e Capa de Tempo e Poder em Lisboa
Há precisamente 368 anos, um sábado, pelas nove horas da manhã, dava-se início à operação militar que resultaria na restauração da independência do reino de Portugal, que desde 1580 ficara sob Coroa espanhola. Como em qualquer operação militar, o tempo sincronizado era importante e, para isso, era necessário um relógio comum aos conspiradores – no caso, o relógio do Paço da Ribeira.



Mesmo sob ocupação filipina, e com a capital do reino unificado em Madrid, Lisboa e o seu Paço não deixaram de ter importância política, pois era aí que se encontrava a viver o representante do rei castelhano. O golpe de 1640, liderado por nobres descontentes com a situação, procurando a recuperação da independência de Portugal, é uma operação militar. Decorre na zona do Paço e, como operação militar, necessita de um emissor de tempo comum, que sincronize as acções a desenvolver.
Diz D. Luís de Menezes na História de Portugal Restaurado que o grupo de Conjurados decidiu na última reunião antes da revolta, lendariamente realizada no Palácio dos Almadas, ao Rossio, avançar a acção para sábado, 1 de Dezembro de 1640. E que, “com o menor rumor que fosse possível, se achassem todos junto ao Paço, repartidos em vários postos, e que tanto que o relógio desse nove horas saíssem das carroças ao mesmo tempo”. Mais à frente, nesse mesmo dia, os conjurados, “impacientes, esperavam as nove horas, e como nunca o relógio lhes pareceu mais vagaroso, tanto que deu a primeira, sem aguardarem a última, arrebatados do generoso impulso saíram todos das carroças e avançaram ao Paço”. O resto, já se sabe. Portugal recuperou a independência, que tinha estado hipotecada a Espanha nos 60 anos anteriores. O relógio que deveria bater as nove horas era, possivelmente, o do Paço da Ribeira, com torre própria desde os tempos de D. Manuel I.
Outro relato coevo, a RELAÇÃO DE TUDO O QUE PASSOU NA FELICE ACLAMAÇÃO DO MUI ALTO E MUI PODEROSO REI DOM JOÃO O IV, NOSSO SENHOR cuja monarquia prospere Deus por largos anos, 1.ª edição de Lisboa, Oficina de Lourenço de Anveres, s. d. [1641]:
“Desde o domingo até a sexta-feira daquela venturosa semana se fizeram com grande
fervor e diligência infinitas preparações, ajuntaram-se as armas que para o efeito eram mais acomodadas, deu-se ponto aos amigos e parentes, e muitos convidavam para um empenho grande que sábado às nove horas da menhã haviam de ter no terreiro do Paço, sem declararem o que era. Não se passou noite nenhuma em que não houvesse junta em casa de João Pinto Ribeiro. Iam os fidalgos a ela com grande recato, porque importava já muito a dissimulação, e donde quer que a cada um deles lhe anoitecia, se apeava e, embuçados, entravam no Paço do duque, em cujas salas tudo era sombras e horror, e somente na casa mais oculta − que era aonde se fazia o conselho − estava ũa candeia tão desviada e com tão pouca luz que escassamente alumiava. […]
“Deu-se enfim o ponto para as nove horas da menhã, e deu-se ordem a todos para
que, poucos a poucos, por vários caminhos, se ajuntassem no terreiro do Paço, o que se fez com recato e boa disposição, que uns em coches, outros a cavalo, outros a pé se dividiram em troços por todo aquele espaço que há desd’ o Arco dos Pregos até o Arco do Ouro.[…]
Neste comenos deu o relógio do Paço nove horas, e como quando o fogo de ũa mina
atea na pólvora e saem num mesmo instante por várias aberturas da terra − em cópia larga,com medonho ímpeto − mil raios e mil despedaçados e abrasadores mármores, assi feros, assi terríveis e assi furiosos saíram num mesmo tempo alguns fidalgos dos coches, e logo foram em seu siguimento com a mesma deliberação os mais que, a cavalo, ou a pé, vinham para aquele efeito. Subiram todos intrépidos por ũa e outra escada do Paço, já com as armas prontas, e dispostos para ver a cara ao mais estupendo transe em que desde que hove guerras no mundo se viu o coração humano”.

Para saber mais sobre os marcadores de tempo colectivos na capital e a sua relação com os poderes religioso, político, económico e científico, desde a Reconquista até aos nossos dias, acaba de sair a obra Tempo e Poder em Lisboa – O Relógio do Arco da Rua Augusta, da autoria do jornalista e investigador Fernando Correia de Oliveira e do olissipógrafo José Sarmento de Matos. O livro está disponível ao público em exclusivo nas livrarias Bertrand e na própria editora , a Espiral do Tempo, por 19,50 euros.

Thursday, November 27, 2008

Meridiana do Paço da Rainha


O Palácio da Bemposta, conhecido por Paço da Rainha, foi mandado construir pela filha de D. João IV, D. Catarina de Bragança, viúva de Carlos II, Rei de Inglaterra, quando regressou a Portugal depois da morte do marido, em 1693. Como residência real, estava munida de uma meridiana, também ela com a função de dar o meio-dia solar verdadeiro e, assim, servir de controlo para acerto de relógios mecânicos. Hoje, o Palácio da Bemposta alberga a Academia Militar. Quanto a mais esta meridiana real, está no estado que se vê, ignorada, num parapeito ignoto.

Sunday, November 23, 2008

Meridiana do Paço de Queluz


Meridana real, nos jardins do Palácio de Queluz. Servia para acertar os relógios do Paço, ao meio dia solar verdadeiro. Ali jaz,vandalizada, ignorada, abandonada, à espera de tempos melhores. Cada residência real, Paço, tinha uma meridiana, para esse fim, algumas vezes com um sistema de artilharia acoplado, para assinalar o meio-dia solar verdadeiro de forma sonora (como a peça da Pena, entretanto restaurada). A meridana do Paço da Rainha (actual Academia Militar) está também vandalizada e ao abandono. Há meridianas em Vila Viçosa e Convento de Mafra.

Tuesday, November 18, 2008

Faleceu Pedro Torres


Faleceu ontem, 17 de Novembro, em Paris, Pedro Augusto Arez Torres, vítima de doença prolongada. Para quem teve o privilégio de o conhecer, o Pedro será para sempre relembrado como homem de extrema sensibilidade. Adorava a vida e partilhava-a a cada momento com os seus amigos e parceiros de negócios. Descendente de uma das mais antigas famílias que se dedica no país ao ramo da Relojoaria (tudo começou em 1910, em Torres Vedras), o Pedro foi criado e educado e viveu os primeiros anos da sua vida profissional na Baixa pombalina, onde os Torres têm um estabelecimento. Seguindo o seu caminho, o Pedro fundou a Torres Distribuição há cerca de duas décadas, empresa que se tornou a referência incontestável da Alta Relojoaria em Portugal.
Um dos projectos queridos do Pedro era a protecção da relojoaria grossa nacional, tendo sido o grande promotor da acção de recuperação e restauro efectuada no início do ano nos relógios do Arco da Rua Augusta, em Lisboa. "Sempre me meteu confusão aquele relógio, quando olhava para ele, em toda a minha juventude, nunca estar certo. Prometi a mim próprio que um dia iria fazer algo por ele", dizia ele, cheio de alegria, quando o relógio retomou a sua marcha. O projecto previa a recuperação de outros relógios públicos, numa acção de mecenato, um no Porto e outro em Coimbra.
A missa de corpo presente terá lugar na Igreja de São João de Deus, às 13.30, na Sexta-Feira, 21 de Novembro.Seguirá para o cemitério dos Olivais onde terá lugar às 16.00 a cerimónia fúnebre.

Tuesday, November 4, 2008

Finalmente, foi aprovada a proposta dos CPL.

Ainda que sem o ponto 1. Ou seja:

«Considerando que o Observatório Astronómico de Lisboa, criado pela Carta de Lei de 6 de Maio de 1878, e construído na base do projecto do Observatório Astronómico de Poulkova (Rússia), segundo planos cedidos pelo seu director, William Struve, mas adaptado por portugueses, é parte integrante da Tapada da Ajuda, conjunto classificado como Imóvel de Interesse Público (Dec. n.º 5/2002, DR 42 de 19 Fevereiro 2002);

Considerando que o Observatório Astronómico de Lisboa foi integrado na Faculdade de Ciências por deliberação do Senado Universitário em 1994, publicada em aviso no D. R. II série, n.2 de 3.1.95 e que o processo de integração resultante daquela deliberação ainda está em curso;

Considerando que o OAL é uma instituição única a nível europeu porque comporta um acervo histórico-científico documental, bibliotecário e de equipamento astronómico ainda totalmente original, tornando-o uma referência exclusiva a nível mundial e numa mais valia inquestionável para Lisboa;

Considerando que o OAL é um local de investigação, ensino e transmissão de conhecimento tanto ao público como aos mais novos, por excelência;

Considerando que em volta do OAL, num raio de 100m, existe um valiosíssimo jardim botânico histórico, cuja manutenção é de difícil execução por parte do OAL, dadas as restrições orçamentais da Universidade de Lisboa (Faculdade de Ciências);

Considerando que o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) detém a presidência e é a estrutura base de funcionamento da Comissão Permanente da Hora desde 1944;

Considerando que a divulgação e disseminação da hora legal é um serviço público fundamental à sociedade e que exige qualidade, integrado que está no dia-a-dia do quotidiano actual, sendo vital para uma série de actividades, do comércio aos serviços e repartições públicas;

Considerando que o relógio mecânico da Hora Legal, até há bem pouco tempo instalado no ‘Edifício da Hora Legal’, no Cais do Sodré, nunca chegou a funcionar bem, agravando-se os seus problemas técnicos durante os últimos 20 anos por falta de manutenção; porque, sendo mecânico, teria sempre que estar sujeito a uma manutenção rigorosa e quase diária (que nunca se verificou) e, por outro lado, a sua localização sujeitou-o a amplitudes térmicas (nem todas resolvidas com a colocação da pala) que desregulavam o seu mecanismo, o que se agravou pelas constantes trepidações a que está submetido, provocadas pela crescente intensidade do trânsito automóvel;

Considerando que o sistema de transmissão da Hora Legal há muito que deixou de ser electromecânico a partir da pêndula principal do Observatório Astronómico de Lisboa (Ajuda), cujos impulsos eléctricos eram transmitidos até ao relógio mecânico do Cais do Sodré, mas passou a sê-lo por intermédio da linha internet que envia a hora mantida numa bateria de relógios atómicos, que não se compadecem com os problemas dum relógio clássico e mecânico cuja inércia nos componentes provocava avarias assinaláveis na máquina;

Considerando que a Administração do Porto de Lisboa (APL), no seguimento da construção das sedes da Agência Europeia de Segurança Marítima e do Observatório Europeu da Toxicodependência no Cais do Sodré, procedeu ao depósito do antigo relógio mecânico da Hora Legal na Estação de Alcântara-Mar, substituindo aquele por um exemplar de quartzo, sem, contudo, manter a ligação ao OAL, inviabilizando, assim, a atribuição do estatuto de Relógio da Hora Legal ao relógio ora existente no Cais do Sodré;

Considerando a opinião dos responsáveis do OAL que referem dever ser o relógio de Hora Legal na via pública de leitura digital, usar um oscilador de quartzo VCO, pelo menos exacto ao décimo de segundo, e estar disciplinado pelo padrão fundamental da hora atómica do OAL, via protocolo NTP da rede internet;

Considerando que a Administração do Porto de Lisboa, o Observatório Astronómico de Lisboa e a firma Tissot (responsável pelo novo relógio do Cais do Sodré), iniciaram negociações com vista à contextualização ‘in situ’ da guarita que para ele foi feita de propósito, e, por fim, reatar a ligação ao OAL de modo a que o novo relógio aí existente possa de novo utilizar a designação de ‘Hora Legal’;

Considerando que o edifício da Hora Legal não mantém, de modo algum, a centralidade de que outrora gozava o Cais do Sodré - originalmente era accionado desde o relógio um sistema de costa com emissão de raios luminosos, para acerto do cronómetro de bordo dos navios que demandavam a zona;

Considerando que em nenhum local público de Lisboa, nem de Portugal, existe um marcador de tempo colectivo com o estatuto de Hora Legal;

Propomos que a CML, ao abrigo das suas competências descritas nos termos da alínea m) do ponto 2 na redacção em vigor conferida pela Lei 5-A/2002, de 11 de Janeiro estabeleça um protocolo com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o Observatório Astronómico de Lisboa com vista a:

1.Cooperação com a Universidade de Lisboa, por forma a manter em boas condições o jardim circundante ao OAL, envolvendo, se necessário,
apoio dos serviços municipais; (eliminado porque o pelouro dos Espaços Verdes diz não ter nem pessoal nem dinheiro para cuidar do jardim circundante ao OAL)

2.Em colaboração com as escolas, um programa conjunto de visitas de estudo ao OAL e restante recinto, suportado por um documento de divulgação do OAL junto do público.

3.Estudar, em relação à Hora Legal, a possibilidade dos serviços da Câmara identificarem o local mais adequado à colocação de mais um relógio da Hora legal, de leitura analógica e digital em simultâneo, e ‘escravo’ do emissor de tempo do OAL, recuperando, assim, a ‘legalidade’ da designação, mas também a centralidade do serviço.

Lisboa, 21 de Maio de 2008

A Vereadora
“Cidadãos por Lisboa”

Helena Roseta
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Tuesday, October 14, 2008

À procura de um relógio inglês


Alguém sabe onde parará um exemplar inglês de relojoaria de torre, da firma William Potts & Sons, de Leeds, importado pelo transitário Valente, Costa & Cª em 1912?
A máquina do relógio veio nessa altura acompanhada de três mostradores, possivelmente semelhantes ao que se vê na fotografia, com uma estrela formada por seis losangos desenhada no centro, como um vitral. Pode ser que no mostrador apareça William Potts & Sons ou, como era habitual, isso ser substituído pelo nome do importador, neste caso a casa Valente, Costa & Cª.
Já agora: A "Valente Costa, Cª" estava situada na Rua Visconde das Devezas, na Freguesia de Santa Marinha e, Vila Nova de Gaia. Há documentação referente à empresa em 1911 (arquivos da câmara de Gaia). Também há referência a uma " Valente Costa & Cª" nos arquivos do vinho em Gaia e Porto. Tratava-se pois de um transitário, dedicado essencialmente ao comércio do Vinho do Porto. Foi uma empresa fundada por Joaquim de Pinho e Costa – entrou para a Almeida & Valente, armazém de vinhos, como escriturário; mudou-lhe o nome para Valente, Costa & Cª quando se tornou principal proprietário "depois de grandes transformações e compra dos mais modernos equipamentos". Vendeu a quota na firma em 1917, e mudou-se para Carcavelos, onde funda a empresa Carcavelos Industrial e onde viria a falecer em 1956.Não encontro actualmente referências à Valente, Costa & Cª, pelo que deve ter desaparecido. Alguém me poderá confirmar isso?

Sunday, October 12, 2008

Viagem pela relojoaria média e fina


Uma tarde na Fundação Medeiros e Almeida

O acervo museológico da Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa, reparte-se por núcleos de Mobiliário, Pintura, Porcelana e Relojoaria. Este último, fruto de uma actividade coleccionista exercida essencialmente na primeira metade do século XX, constitui a mais valiosa colecção no país.
Fernando Correia de Oliveira, jornalista e investigador da temática do Tempo, da Relojoaria e da Evolução das Mentalidades, faz no sábado, 25 de Outubro, uma visita guiada pelo conjunto de peças do museu, que vão desde o séc. XVI aos nossos dias e que incluem exemplares de sala e de mesa, bem como de bolso e de pulso. O programa inclui um lanche nas instalações da Casa-Museu. Uma viagem no tempo e na técnica, numa iniciativa do Clube dos Entas. Mais informações em www.clubedosentas.com/

Tuesday, August 5, 2008

Ficou-se pelas 7H50 ...


Há dias e dias que o relógio do Arco da Rua Augusta está parado. Eternamente parado nas dez para as oito da manhã. Que desperdício de dinheiros públicos o seu pseudo-restauro de há meses. Uma vergonha! Mais uma!

Tuesday, June 24, 2008

Roteiro da Relojoaria Grossa de Lisboa


Aspecto do grupo que no passado domingo, dia 15 de Junho, participou na iniciativa do Clube dos Entas, onde, e a partir do terraço do Arco Triunfal da Rua Augusta, se partiu para uma análise histórica e cronológica do Tempo e do Poder em Lisboa, focando a chamada relojoaria férrea, grossa, de torre, pública ou monumental.

O evento mereceu notícia no jornal Metro de segunda-feira, dia 16, como se pode ver em:

Monday, June 16, 2008

A propósito da visita guiada de ontem...

E do último post, só para referir que os 'Cidadãos por Lisboa' elaboraram uma proposta sobre o Observatório Astronómico de Lisboa e sobre a Horal Legal, que aguarda agendamento para discussão há demasiado ... tempo.

Thursday, June 5, 2008

Viagem pela relojoaria grossa de Lisboa


Uma forma de aceder ao topo do Arco da Rua Augusta, que não está normalmente aberto ao público, e de conhecer alguma da relojoaria grossa da capital

Domingo 15/06: Roteiro dos Relógios de Lisboa


Uma viagem guiada por Fernando Correia de Oliveira


Ponto de encontro: debaixo do Arco da Rua AugustaEstacionamento: estacionamento subterrâneo atrás do Banco de Portugal, Terreiro do Paço e ruas circundantes

Transportes: metro do Terreiro do Paço (linha azul)Horário: das 16:00h às 19:00h

Dress Code: desportivo, com calçado confortável.Levar: garrafa de água, máquina fotográfica, chapéu/boné, protector solar, bloco de notas e caneta.
14:30h - ponto de encontro, debaixo do Arco da Rua Augusta

15h00 - visita ao interior do arco da Rua Augusta

15:30h - 16:30h - passeio pedestre guiado pela relojoaria grossa de Lisboa (relógio da Sé, o relógio da Alcáçova, o relógio do Paço, o relógio do Carmo, passando-se depois para a Avenida da Ribeira das Naus, com passagem pelo relógio do Arsenal - referência ao balão da hora - e pelo Cais do Sodré - relógio da hora legal)

17h00 - lanche de confraternização final entre os participante e o guia18h00 - entrega dos manuais e encerramento
Preço: 35€

Organização: Clube dos Entas


contactos para inscrição:

http://www.clubedosentas.com/index.php ou eventos@clubedosentas.com e os telefones 960055526/ 21 2452862

Saturday, May 31, 2008

O Balão do Arsenal




Em 1858, no Observatório de Marinha, então instalado na frente de rio junto ao actual Arsenal, entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço, foi colocado um balão, que servia para os navios ancorados no Tejo fazerem o chamado "estado do cronómetro" - saber os desvios diários deste precioso mecanismo, utilizado para o achamento da longitude no mar.


Desde 1829 que havia este tipo de dispositivo, utilizado pela primeira vez na Base Naval de Portsmouth, Inglaterra, o chamado "time ball". Içado lentamente num mastro um quarto de hora antes de uma determinada hora (meio-dia solar médio ou uma hora da tarde, como no caso de Lisboa), caia subitamente nessa altura determinada, sendo visível de bordo. O primeiro balão de Lisboa funcionava muito mal e era alvo do escárnio de quem nos visitava, nomeadamente da imprensa inglesa. Um segundo balão, ligado por linha eléctrica ao Observatório da Ajuda, veio substitui-lo, agora já com grande qualidade. O cair do balão da hora, em Lisboa, era acompanhado de um sinal sonoro, servindo também para o acerto dos relógios normais dos alfacinhas. Do primeiro e do segundo balões nada resta, levados para o lixo ou por um incêndio que destruiu parte do Arsenal. O Balão do Arsenal tinha, entretanto sido substituído pelo Relógio da Hora Legal, ao Cais do Sodré, de que já temos falado aqui. Houve, em Lisboa, outros balões da hora - adjacentes ao Observatório da Ajuda e ao Observatório da Escola Politécnica.

Surge agora uma ideia - apadrinhada pelo Comandante Estácio dos Reis, um oficial de Marinha que também é historiador, e se tem dedicado à descoberta e preservação do nosso património, nomeadamente astrolábios. Aproveitando a passagem das sedes das agências europeias da Droga e do Mar para a zona do Cais do Sodré, pretende-se que, junto ao novo edifício, onde hoje está um parque de estacionamento, e onde ficava o Observatório de Marinha, se erga de novo um Balão da Hora - para recordar os balões passados e haver um instrumento de Tempo público com a hora certa na capital portuguesa - coisa que hoje não há. A Marinha está envolvida neste projecto, falta sensibilizar a União Europeia e as suas agências, especialmente a marítima, cujas sedes ficarão a funcionar na capital portuguesa. Nas imagens, o balão de Nova York; o balão que existiu à Escola Politécnica.

Tuesday, May 13, 2008

Gare Marítima de Alcântara


"No próximo dia 14 de Maio" - amanhã, portanto - "um dos maiores navios de cruzeiro do mundo, o Independence of the Seas, escalará Lisboa na sua viagem inaugural com início e fim no porto de Southampton, em Inglaterra, e será o maior navio de cruzeiros de sempre a visitar a capital Portuguesa". Ao chegar, informa a Administração do Porto de Lisboa (APL) no seu portal, o Independence of the Seas "será escoltado por rebocadores lançando jactos de água até ao Terminal de Cruzeiros de Alcântara, onde ficará acostado. Tal como vem sendo habitual nas primeiras visitas a Lisboa, os passageiros serão agraciados com animação de cais que se traduzirá na actuação de um grupo de monociclos e andas, de um pequeno grupo musical e na oferta de brindes, e ao comandante do navio será entregue a placa comemorativa do evento".

Obra de Porfírio Pardal Monteiro, e uma das jóias do modernismo aplicado ao desenho de equipamentos portuários, a Gare Marítima de Alcântara, hoje Terminal de Cruzeiros de Alcântara, também tem os seus trunfos, mas o portal da APL pouco fala deles, o que é pena. O relógio da gare... bom... está como é regra na cidade: não funciona e falta-lhe um dos ponteiros. Que pensarão os 3634 passageiros do Independence of the Seas quando amanhã, já em terra, olharem a fachada principal do complexo e virem o seu relógio neste estado?


Friday, April 25, 2008

O relógio do Quartel do Carmo

... E o relógio foi mesmo «inaugrado»... :
Também ontem foi assinalada a entrada em funcionamento do relógio mecânico da torre do quartel (do Carmo), avariado há vários anos e só agora restaurado por um profissional.
Gina Pereira, JN

Thursday, April 24, 2008

Inauguração do Relógio do Carmo restaurado


O exemplar que agora é devolvido à cidade, devidamente restaurado e reparado, é um relógio francês do final do séc. XIX, início do séc. XX, da firma Prost Frères, mais tarde adquirida por Francis Paget et Cie. Tanto a primeira como a segunda assinavam as suas obras com “P. F.”, iniciais que se podem ver nos suportes do mecanismo. A chamada relojoaria grossa, monumental, de torre ou pública teve forte tradição na região francesa do Jura, nomeadamente em Morèz, uma pequena cidade junto ao rio Bienne, onde a Prost Frères e depois a Francis Paget estavam instaladas. Portugal foi um bom cliente da relojoaria grossa e média de Moréz du Jura, havendo dezenas, se não centenas de exemplares desse tipo espalhadas pelo país.

O Convento do Carmo já tinha tido relógio, antes da instalação deste exemplar. Nos Arquivos da Câmara de Lisboa encontra-se um contrato assinado em 1872, onde um grande relojoeiro do séc. XIX português, Veríssimo Alves Pereira, se compromete a aproveitar e a concertar algumas peças de um antigo relógio do Convento que, tal como este, assinalava as horas e as meias horas. O bater das horas do Carmo é citado em dois trechos de A Relíquia, de Eça de Queiroz, (1887). Desta antiga máquina, não há hoje rasto.

No século XX há indicação de que o relógio do Carmo era importante para a comunidade do pequeno comércio que fazia da zona o bairro mais chique da cidade. O seu bater de horas regulava o abrir e fechar de taipais, a ida para almoço de caixeiros e patrões. Sabe-se que uma associação de comerciantes da Rua do Carmo teve durante décadas a seu cargo a manutenção do relógio, que depois ficou parado. Hoje, é devolvido à Baixa mercê do trabalho de recuperação e restauro de Luís Cousinha, neto de um outro grande construtor de relojoaria grossa do século XX português, Manuel Francisco Cousinha.

Friday, April 18, 2008

Relógio do Convento do Carmo / Comando Geral da GNR





No âmbito das comemorações oficiais do 25 de Abril, o Comando Geral da Guarda Nacional Republicana leva a efeito nas suas instalações, no Convento do Carmo, em Lisboa, uma cerimónia de inauguração do relógio de torre ali instalado, e recentemente restaurado.
Na ocasião, será proferida uma intervenção sobre a relojoaria grossa na capital e, particularmente, sobre esta peça originária de Morez du Jura, França, que marcou durante décadas o tempo colectivo de parte da Baixa pombalina, nomeadamente do seu comércio.
A cerimónia ocorre a 24 de Abril, pelas 16h00, com entrada livre, pela Porta de Armas do Quartel do Carmo.

Saturday, March 22, 2008

Antes e depois - o relógio da Igreja da Charneca do Lumiar




Onde param o painel de azulejos policromáticos (de que só tenho foto a preto e branco) e o ponteiro barroco que serviam de mostrador ao relógio da Igreja da Charneca do Lumiar?

Wednesday, March 19, 2008

Ainda o relógio do nº 50 da rua da Boa Vista


O prédio sito no nº 50 da rua da Boa Vista, agora recuperado, e que ostenta uma caixa de relógio com dois mostradores (penso que oca, mas isso é outra conversa) terá sido um importante foco de propaganda do conhecimento científico e industrial durante grande parte do século XIX português. Penso que o relógio que lá esteve (semelhante a um outro, na imagem, que se encontrava na Rua da Imprensa Nacional, e que entretanto desapareceu, e que estava à porta de um relojoeiro que fechou) era de origem francesa, possivelmente comercializado em Portugal por Paul Plantier, e que foi durante muitos anos fornecedor também dos Caminhos de Ferro nacionais. Este relógio no nº 50 da rua da Boa Vista é dos tempos da Associação Promotora da Indústria Fabril, fundada em 1837 e que penso teve sede lá (ou no número 46 anexo). Essa organização, génese da actual Associação Industrial Portuguesa (AIP) foi muito activa na promoção do Progresso e na divulgação científica, editando, por exemplo, a Gazeta das Fábricas. Do ponto de vista da relojoaria, será ainda de notar que Veríssimo Alves Pereira foi um dos seus membros mais activos. Veríssimo, natural do Porto, era um mestre relojoeiro que construiu as meridianas na Torre dos Clérigos e, depois, no Castelo de São Jorge e na Escola Politécnica, na capital. Vizinho à Associação, encontrava-se então o Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, fundado em 1852 por Fontes Pereira de Melo, e que está na génese do Instituto Superior Técnico. Em 1854, fundou-se no Instituto uma oficina de instrumentos de precisão, para reparar e até construir vário tipo de aparelhos - incluindo relógios. O objectivo era o abastecimento e manutenção desses aparelhos de precisão (incluindo cronómetros) a todos os estabelecimentos científicos do Estado. As instalações do Instituto eram gigantescas, ocupavam todo um quarteirão, e tinham porta principal para o lado do rio e porta secundária para a rua da Boa Vista. Eram tempos em que a zona fervilhava de indústria e comércio - Augusto Justiniano de Araújo teve a sua oficina de relojoaria grossa no nº 164 da mesma rua e George Gundersen uma outra na vizinha Rua de São Paulo. Alguém se lembra ainda dos Armazéns do Conde Barão? e da Loja dos Parafusos? O que ardeu, ardeu, o que não ardeu está moribundo e entregue a lojas de chineses. Ainda está por fazer uma história do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, onde o Tempo era tratado de maneira muito pouco portuguesa - com precisão.

Thursday, March 13, 2008

Thursday, February 21, 2008

O relógio do nº 50 da Rua da Boavista


Num prédio magnífico, propriedade da CML, e magnificamente restaurado. Só há dois contras: o relógio não funciona e, pior, o prédio está desabitado, inclusive a loja.

Thursday, February 14, 2008

E o relógio do Arco da Rua Augusta?


Está neste momento completamente destrambelhado, de tal maneira que nem se pode dizer que esteja atrasado ou adiantado, está apenas perdido. Ou seja, precisa de nova intervenção do Sr. Cousinha! (?)

Wednesday, February 13, 2008

O relógio da esquina da Rua da Betesga


O relógio da Ourivesaria Portugal, que é um dos mais bonitos relógios de Lisboa. Sempre a horas, por sinal.

Thursday, February 7, 2008

A 'resposta' do PM ao nosso email sobre a Hora Legal e a Ajuda

Exmo. Senhor

Encarrega-me o Senhor Primeiro Ministro de acusar a recepção do e-mail de V. Exa. e de informar que lhe foi prestada a devida atenção.

Com os melhores cumprimentos


Fernando Soto Almeida
Assessor Administrativo
(por delegação)



Elucidativa, portanto.

Wednesday, February 6, 2008

A experiência dos outros (2): Terry Eiss, guia da torre de relógio mais famosa do mundo


Can you clear up the Big Ben/Clock Tower confusion?
The Bell is Big Ben, the tower is the Clock Tower (…). The Clock Tower is synonymous with the bell and is possibly one of the most recognised tourism icons in the world.

Desde o Verão de 2004 que Terry Eiss sobe 1002 degraus diariamente: 334 degraus por cada uma das três visitas que, um dia após outro, conduz à mais famosa torre de relógio do mundo: a torre do Palácio de Westminster, que, no próximo ano, terá festa de aniversário a condizer - em 2009, o Big Ben fará 150 anos.

Para lá de trabalhos regulares de manutenção, o Big Ben submeteu-se a uma intervenção de fundo em 2007, nos meses de Agosto e Setembro, voltando o sistema a ficar operacional a 1 de Outubro. Num país, como o nosso, em que, salvo honrosas excepções, a informação institucional ou é guardada a sete-chaves ou disponibilizada numa lógica de serviços mínimos, dá gosto ver, como noutras paragens, tudo é bem diferente.

Galeria de imagens e enquadramento da intervenção no Big Ben, aqui, e depois aqui e também aqui, quando ela foi dada por concluída. Entrevista com o guia, Terry Eiss, aqui.
Créditos imagem: Trabalhos de limpeza e manutenção do Big Ben no Verão de 2007 (in UK Parliament)

Tuesday, January 29, 2008

Ano novo, vida nova, reponham a hora legal no Cais do Sodré e acertem as horas na Ajuda!

Exmo. Senhor Primeiro-Ministro, Eng. José Sócrates,
Exmo. Senhor Presidente da Câmara, Dr. António Costa
Exma. Senhora Ministra, Drª Isabel Pires de Lima,
Exmo. Senhor Ministro, Eng. Mário Lino,
Exmo. Sr. Presidente da APL, Dr. Manuel Frasquilho,
Exmo. Sr. Presidente do IGESPAR, Dr. Elísio Summavielle,


No seguimento da criação do presente Observatório e do ponto de situação que entretanto fizemos sobre os relógios históricos de Lisboa, vimos por este meio chamar a atenção de Vossas Excelências para a gravidade de dois casos em particular: a Hora Legal do Cais do Sodré (que já não é) e a Torre do Galo (que continua mudo).

Como é do conhecimento de V.Exas, o relógio da Hora Legal é aquele que está ligado aos relógios atómicos do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), e que, até há bem pouco tempo, estava localizado junto ao Cais do Sodré, no que se chamou Edifício da Hora Legal.

Embora sofrendo de problemas técnicos desde há mais de 20 anos, o relógio que se encontrava nesse local foi, efectivamente, o relógio da Hora Legal.

O problema é que Administração do Porto de Lisboa (APL) achou por bem (sem ter em consideração as observações do OAL) substituir o relógio que lá estava por um relógio de quartzo, moderno, bem como interromper a ligação do mesmo ao OAL. Por conseguinte, a hora que será exibida pelo novo relógio não será nunca a hora legal portuguesa ... como foi até ao dia em que se iniciaram as obras de construção dos edifícios da Agência Europeia de Segurança Marítima e do Observatório Europeu de Toxicodependência, e que levaram a que o relógio fosse retirado do local.

Curiosamente, e também relacionado com a Ajuda, também outro importantíssimo relógio histórico de Lisboa se encontra olvidado por quem de direito: a chamada Torre do Galo, junto ao Palácio da Ajuda - palácio nacional, sede do Ministério da Cultura e do IGESPAR, e sala de visitas das individualidades estrangeiras que nos visitam.

Como também é do conhecimento de V.Exas., com a construção da Real Barraca, à Ajuda, fez-se nova Patriarcal, de que a Torre do Relógio ou do Galo (por ter um catavento em forma de galo) fazia parte. A comunidade da Ajuda regeu-se durante mais de um século por este marcador público do Tempo e, por exemplo, o regulamento da Biblioteca vizinha refere, no horário, que a entrada dos funcionários e o encerramento dos serviços se devia fazer obedecendo diariamente ao que os sinos da torre e o seu relógio ditassem.

("MAFRA, José da Silva, relojoeiro do convento de Mafra, "artista habilíssimo", nascido a 1790, foi o autor do mais notável relógio Português que foi colocado na extinta Patriarcal de Lisboa, começando a trabalhar no dia 8 de Setembro de 1796. A obra durou mais de cinco anos a fazer e custou mais de 100.000 cruzados. O construtor ficou seu cuidador, seguido dum seu filho que ficou a exercer o cargo a partir de 24 de Dezembro de 1814, até à extinção da Patriarcal. José Mafra, em 1843, inventou um mecanismo, "por meio do qual se reduziu a um só o emprego diário de dois homens, que eram absolutamente indispensáveis para dar corda ao dito relógio". Fez uma fábrica de peças licenciada por alvará de 21 de Junho de 1785. Entre os manuscritos da Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, encontra-se um Rol de Confessados de 1812, do Sítio da Ajuda, onde se faz referência ao "relojoeiro da Patriarcal, José da Silva, natural de Mafra", o que mostra que o seu apelido de família era Silva, mas que, a partir dele, o local de nascimento, Mafra, passou a ser apelido, o que era normal na época.", in «Relógios e Relojoeiros - Quem É Quem no Tempo em Portugal» (Âncora, 2006).

Simplesmente, um incêndio que terá sofrido no final do séc. XX fez com que as estruturas interiores da torre, em madeira, estejam em risco iminente de ruir. No seu interior, lá em cima, e em que estado... poderá estar um dos mais interessantes exemplares da relojoaria grossa nacional.

Tendo em conta o que acabamos de expor, e os últimos desenvolvimentos relacionados com a desafectação de terrenos da APL para a CML, vimos, pelo presente, solicitar a V.Exas.:

- A reposição do exemplar original da Hora Legal, actualmente em exposição na Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, em Alcântara, e a sua reconexão aos relógios atómicos do OAL , a fim de que um relógio público volte a mostrar a Hora Legal a todos quantos habitam, trabalham e visitam Lisboa;

- A recuperação da Torre do Galo, com o restauro da máquina de Silva Mafra e sua musealização e contextualização in situ, que, deste modo, poderia ser o primeiro passo no sentido da intervenção geral de reabilitação de toda a envolvente ao Palácio da Ajuda, que todos desejamos mas que, ciclicamente, é anunciada e adiada. A recuperação da Torre do Galo iria enriquecer também o trabalho que o Palácio Nacional da Ajuda vem desenvolvendo no campo do estudo e divulgação do seu próprio acervo. Neste caso, da sua colecção de relojoaria, uma das mais importantes da Europa (tema, recorde-se, da exposição "Tempo Real" e respectivo catálogo, na década de 90).


Na expectativa da concordância de V.Exas. em restabelecer a verdade histórica nestes dois relógios de Lisboa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Maria Amorim Morais, Fernando Correia de Oliveira, Paulo Ferrero e Virgílio Marques

Wednesday, January 23, 2008

Algo de estranho se passa ali ...

Não é que o relógio do Arco da Rua Augusta estava certinho, certinho como um pêndulo, ainda há coisa de minutos?

Monday, January 21, 2008

O Relógio do Arco da Rua Augusta está atrasado quase 1 hora!!!


Afinal, parece que o Sr. Cousinha se enganou.

Sunday, January 6, 2008

Sul e Sueste







Neste caso, como noutros, fica-se na dúvida sobre por onde começar: se pelo estado do relógio, se pelo estado do edifício, porque a imagem de desconsolo é a mesma para onde quer que se olhe na Estação Fluvial de Sul e Sueste. Quando se espera um transporte é no relógio da estação que se confia, mas neste caso, como noutros, o entendimento parece ser outro: parado, com o mostrador partido e embaciado pela humidade do Tejo, este relógio é hoje um elemento deixado à deriva, da mesma forma que à deriva está, em matéria de conservação, esta peça de arquitectura-chave (projecto de 1928/9, aberto à exploração em 1931) do nosso primeiro modernismo.

O seu autor, que muitos relembrarão de imediato pelo contributo que deu aos anos de ouro do cinema português com A Canção de Lisboa, foi sobretudo arquitecto, de equipamentos públicos, em particular ao serviço dos Caminhos-de-Ferro, de que foi quadro ao longo de toda a sua vida adulta: Cottinelli Telmo (1897-1948), “espírito irrequieto e apaixonado”, como escreve o Prof. José-Augusto França, cuja avidez pela vida o levaria a dedicar-se a um sem-número de outras actividades como a ilustração, com realce para a BD, a música ou a dança.

A 18 de Setembro deste ano passarão 60 anos sobre a sua morte, em circunstâncias trágicas, num acidente de pesca nas águas de Cascais. A ter que se começar por algum lado nesta que foi uma das principais estações que projectou, por que não começar pelo relógio, restaurando-o?


Créditos das três últimas imagens: Fachada principal da estação fotografada por Fernando de Jesus Matias, em finais dos anos 50/Arquivo Fotográfico de Lisboa; Ficha de registo de Cottinelli Telmo como funcionário dos Caminhos-de-Ferro/Arquivo da CP

Ainda o(s) relógio(s) da Estação do Rossio


Dos arquivos da CP, uma imagem preciosa dos primeiros anos do século XX (cerca de 1910), quando a empresa investe em nova sinalética, assim “facilitando o trabalho dos empregados da estação e a informação aos passageiros”. Vários mostradores de relógio indicavam, então, as horas de chegada e de partida das composições, para que ninguém ficasse em terra.


Créditos imagem: Site da CP

Friday, January 4, 2008

Relógios Históricos de Lisboa

O primeiro relógio mecânico de que se tem conhecimento em território português é o colocado em 1377 na Sé de Lisboa, pago em partes iguais pelo rei D. Fernando, pelo cabido e pelos homens bons da cidade. Teria sido o seu autor um tal “mestre João, francês”.
Seria um exemplar de relojoaria grossa (em contraponto à relojoaria fina, de bolso ou de pulso), com as peças arrumadas numa armação de ferro, ou gaiola, e muito provavelmente não teria ponteiros ou mostrador – serviria apenas para accionar sinos, como o “de correr” ou “de colher”, que regulava de manhã e ao sol posto o abrir e fechar de portas da judiaria e da mouraria. Dessa máquina nada resta. O relógio da Sé foi o primeiro grande marcador do tempo colectivo de Lisboa, conquistada ao Islão em 1147 mas apenas tornada capital do reino em 1256.
O casamento, em 1387, de D. João I, com Filipa de Lencastre, permite a Portugal aceder à tecnologia relojoeira do norte da Europa.
Com D. Manuel, o Paço, que até então era na Alcáçova árabe (Castelo de São Jorge), muda-se para a Ribeira das Naus. Junto ao Paço e à Capela Real passa a haver Torre do Relógio, havendo registo desde essa data dos relojoeiros reais. Este é o segundo grande marcador do tempo colectivo lisboeta.
Com D. João V, a Capela Real passa à condição de Igreja Patriarcal e a Torre do Relógio é demolida, para ser construída uma outra, ao estilo barroco, encomendada ao arquitecto italiano Canevari. A nova torre e o seu relógio são referidos com admiração e espanto pelos forasteiros. A máquina deveria ser flamenga, como o são os exemplares que ainda hoje se encontram no Convento de Mafra. Mas a torre de Canevari tem vida efémera, com o terramoto de 1755.
A família real muda-se para a Ajuda, passando a viver na Real Barraca, uma construção em madeira. Com ela muda-se a Capela Real, também construção efémera. Em 1793 acaba a construção adjacente ao conjunto do único edifício em pedra – a torre sineira da capela. Três anos depois, é lá instalado um relógio de José da Silva Mafra. Este foi o terceiro marcador do tempo real, mas o Paço da Ajuda sempre foi periférico ao pulsar da cidade. O relógio de José da Silva Mafra, ainda lá se encontra, mas ao abandono.
No final de 1883, Augusto Justiniano de Araújo, fundador da Escola de Relojoaria da Casa Pia, superintende à adaptação de um relógio proveniente do Convento de Jesus (hoje Academia das Ciências) e sua colocação no Arco da Rua Augusta. O arco foi o quarto grande marcador colectivo do tempo alfacinha – a primeira máquina ainda existe mas foi substituída em meados do século XX por uma de autoria de Manuel Francisco Cousinha, que acaba de ser restaurada. Mas, ao longo de mais de um século, devido à sua falta de exactidão, o relógio do arco da Rua Augusta nunca conseguiu erigir-se à condição de regulador das horas da cidade.
Desde 1857 que funcionava a partir do Observatório Astronómico do Castelo de São Jorge um sistema de meridiana, da autoria de Veríssimo Alves Pereira. Ao meio-dia solar, o sistema fazia troar uma pequena peça de artilharia. A meridiana mudou-se depois para a Escola Politécnica. Funcionou até cerca de 1915. Este foi o quinto marcador colectivo do tempo lisboeta, mas das meridianas nada resta.
Desde 1858 que funcionava junto ao Observatório Astronómico da Marinha o chamado Balão do Arsenal, um dispositivo que assinalava diariamente as 13h00 com a queda de um balão de um mastro e um sinal sonoro. Este foi o sexto marcador colectivo do tempo na capital, mas também dele nada ficou.
Desde 1915, ano em que o Balão do Arsenal desapareceu, que funcionou, ao Cais do Sodré, o relógio da Hora Legal, com o tempo a ser emitido por circuito eléctrico a partir do Observatório Astronómico de Lisboa. Depois de vicissitudes várias, o sétimo e último grande marcador do tempo colectivo da capital deixou de poder ostentar o título de Hora Legal.
Assim, Lisboa singra alegremente pelo século XXI sem respeitar o seu património público relojoeiro e sem ter um único marcador colectivo de tempo que seja fiável, reconhecido e estimado pelos seus habitantes e pelos forasteiros que a demandam.
in Casual, suplemento do Semanário Económico de 28/12/07 (adaptado)

A Capital às voltas com a hora legal

In Notícias da Manhã (4/1/2008)
Ana Serra

«O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, e o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo, quanto tempo o tempo tem». Assim o diz o trava-línguas, num diálogo entre o tempo que diz respeito à meteorologia e o tempo do relógio, o que conta os segundos, minutos e horas do nosso dia-a-dia. A necessidade de cronometrar as actividades da nossa vida levou a que, durante toda a sua evolução, o homem viesse a desenvolver ciências e instrumentos que regulassem esse fenómeno transcendente ao Ser Humano - o tempo. A astronomia e a astrofísica são ciências intimamente ligadas ao controlo do tempo, ou não fosse através do Sol uma das formas mais elementares de nos guiarmos no tempo. E é também em função do Sol, ou melhor, na tentativa de aproveitar ao máximo as horas de luz que este nos disponibiliza, que surgiu o regime diferenciado de hora de Inverno e hora de Verão. Portugal adoptou esse regime em 1911, juntamente com a Inglaterra, onde se localiza o meridiano pelo qual regulamos os nossos relógios. É o meridiano de Greenwich que delimita a nossa «hora legal», segundo a qual organizamos as nossas actividades civis, sociais e profissionais. Quatro anos mais tarde foi criado o Serviço de Hora Legal e o Relógio da Hora Legal passou a ser público, acessível à população que todos os dias se movimentava na zona ribeirinha lisboeta. O Cais do Sodré foi o local escolhido para servir de pulso ao relógio que respondia à “necessidade de mostrar de forma eficaz a hora certa, principalmente na zona ribeirinha, onde estava grande parte da vida da cidade”, explica Rui Agostinho, Director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).

O relógio da «Hora Legal»
O relógio da hora legal do Cais do Sodré ficou então aos cuidados do OAL, o qual representa uma entidade com objectivos científicos e a única instituição capacitada, por lei, a certificar a legalidade da hora. No entanto, a manutenção física do instrumento ficava a cargo da Administração de Portos de Lisboa, uma vez que era nas suas instalações que o Relógio da Hora Legal estava exposto. Desta forma, “ao OAL competia enviar os sinais para garantir a hora legal” aos milhares de pessoas que por ali passavam e cronometravam as suas agitadas vidas quotidianas, conta Rui Agostinho, que assinala as implicações sociais e não somente cientificas de controlar a hora. Esta é uma das razões apresentadas por Rui Agostinho para que, nos anos 70, quando o Relógio da Hora Legal começa a apresentar problemas de funcionamento, o OAL pede à Administração dos Portos de Lisboa, incumbidos da sua manutenção técnica, que “seja retirado ao relógio o estatuto de hora legal para não induzir as pessoas em erro”. O estatuto foi retirado mas não a indicação que o define como o relógio da «Hora Legal».

O «tic-tac ilegal»
O relógio permaneceu, mas a hora legal não. Em 2001, o relógio que já fazia parte da história da vida na Capital foi retirado, regressando, no entanto, ao local no passado mês de Novembro, sob a forma de um instrumento de tecnologia digital e com um design mais moderno. A reposição do relógio do Cais do Sodré, mas não da legalidade da hora que dava, levou à criação de um Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa (ORHL). “A ideia surgiu a partir da notícia da reposição do relógio da hora legal, que não é legal. Juntei-me com uns amigos e de inicio será só um blog mas depois logo se vê”, afirma um dos fundadores, Paulo Ferrero.
Apesar de ainda sem qualquer ligação de esforços, o director do OAL partilha da posição defendida pelo recém-criado observatório dos relógios históricos. “Gostaria de voltar à História e à tradição, seria bonito para a cidade de Lisboa se o relógio voltasse a ter hora legal”, confessa Rui Agostinho, que adianta já ter estabelecido contactos com a Administração dos Portos de Lisboa nesse sentido para que “o público tenha a garantia de que o relógio voltasse a ter a hora legal”. Da mesma forma, Paulo Ferrero, admite que lhe agradaria uma ligação do OAL ao ORHL “para que seja reposta a verdade naquele relógio”.

Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa
“Apenas nos interessam os relógios históricos e entre eles os mecânicos e os de sol, já que dos astronómicos nem vê-los por cá. Em Lisboa, o panorama é mau, pelo estado de abandono, uns, pela ignorância e desprezo com que são tratados, outros. Vamos dar tempo ao tempo e ver se chegamos a horas para alguns deles”. Estas são algumas das primeiras linhas do blog que dá imagem a este observatório. “Chamar a atenção dos cidadãos e lançar apelos às entidades” para a protecção dos relógios históricos da Capital são o principal objectivo do ORHL. São muito os relógios emblemáticos que contam as horas e os minutos de Lisboa, mas que agora, na era digital e electrónica, estão votados ao esquecimento e abandono, quer por parte das autoridades competentes da sua manutenção, quer pelos próprios cidadãos que por eles passam, sem se aperceberem da sua existência.

“Preservação da nossa arte e História”
À criação deste Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa, Rui Agostinho responde considerando-a “uma boa medida, tal como todas as que se dediquem à preservação da nossa arte e História”. Também o OAL se dedica à preservação de relógios históricos, que, neste momento, não desempenham um serviço útil, pois não são necessários, mas que devem ser mantidos em boas condições. Sendo a hora, o «tic-tac» vital da vida em sociedade, o director do OAL salienta a importância da certificação de que esse batimento está certo e acessível a toda a população. Para tal, Rui Agostinho defende a ligação dos relógios públicos ao OAL, não só em Lisboa, mas também em outras cidades do País. “Garantimos qualidade da hora, mas precisamos de parceiros, tais como, fabricantes de relógios e câmaras municipais. È um grande desafio, mas possível”, afirma o director do OAL, Rui Agostinho.

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O relógio da Torre do Galo
O relógio da Torre do Galo situa-se na Ajuda, tendo sido a torre que o alberga, construída junto à capela real da Real Barraca. Vizinho do Palácio da Ajuda, este marcador do tempo começou a trabalhar em 1976, fruto da obra do relojoeiro do Convento de Mafra, José da Silva Mafra. Em 1794, a capela real ardeu e, desde aí, a sua estrutura encontra-se em risco eminente de ruir. O ORHL vem então alertar para o estado de degradação da zona que envolve o relógio. “A torre ardeu, estando o relógio em risos de ruína, embora o mecanismo esteja bem”, advertiu Paulo Ferrero, adiantando que o ORHL pretende, já no próximo mês de Janeiro, fazer um “apelo ao Ministério da Cultura e ao Ministério das Obras Públicas por causa da situação do relógio da Ajuda e de toda a zona envolvente do palácio”.

O relógio dos Capuchos
Ninguém dá por ele, mas ele existe há já 421 anos no Hospital dos Capuchos, onde dá nome ao pátio que adorna - Pátio do Relógio. É um dos exemplares mais antigos de relógios de Sol, situado na antiga cisterna do convento dos Capuchos, servindo a boca de apoio ao relógio em pedra, onde ainda podem ser lidas as iniciais do construtor e a data da sua construção, 1586. O seu estado de má conservação testemunha o esquecimento e indiferença a que foi lançado e que o ORHL pretende relembrar.

Relógio de Sol de Belém
Ao passear pelo jardim dos Jerónimos pode ser vista uma grande âncora, talvez uma herança de algum navio naufragado, um testemunho dos Descobrimentos portugueses? Pois não, pode não parecer mas esse grande objecto de metal era um relógio de Sol, ali exposto aquando da Grande Exposição do Mundo Português, em 1940. À sua volta, estavam dispostos vários canteiros sob a forma de «mapa mundi», que representavam os quatro cantos das ex-colónias lusas. “O jardineiro que o preservava reformou-se nos anos 90 e desde aí, o relógio de Sol ficou reduzido a nada mais que uma âncora”, explica Paulo Ferrero»

O meu obrigado à Ana Serra e ao Notícias da Manhã.

Thursday, January 3, 2008

Terreiro do Paço anda perdido nos caprichos do tempo

In Público (1/3/2008)
Ana Henriques


«Relógio do arco da Rua Augusta está parado por causa de desajuste entre mestre relojoeiro e organismo do Estado


Tudo começou há quatro meses com uma pequena oscilação, o ponteiro dos minutos a correr mais veloz do que o próprio tempo, noutras alturas a molengar, sem pressa de chegar a horas ao destino. À medida que passavam os dias agravava-se a rebelião do relógio do arco da Rua Augusta, junto ao Terreiro do Paço, em Lisboa. Ontem, às 11h00, o mostrador marcava orgulhosamente dez para as cinco da tarde, como se o mecanismo seguisse um outro qualquer fuso horário. E dias houve em que teimou em anunciar a hora correcta, porventura com a certeza de que as actividades mundanas já tinham deixado de se regular por si.
Há quatro meses era tudo mesuras: a então ainda ministra da Cultura debruçada sobre as suas entranhas, o mestre relojoeiro, vereadores e assessores a subirem ao topo do arco para celebrarem a reparação de um mecanismo que estava quieto há vários anos. O arranjo foi pago por uma empresa de relojoaria, a Torres, que fez um protocolo com o Instituto de Gestão do Património e desembolsou cerca de 25 mil euros. Só que o tiquetaque certinho que encantou toda a gente foi sol de pouca dura. Nos dias seguintes, o mestre relojoeiro que fez a reparação, Manuel Cousinha, atribuiu os pequenos devaneios do ponteiro dos minutos à necessidade de fazer alguns ajustes ao pêndulo. Que era mesmo assim, dizia, sem poder adivinhar o destrambelhamento que se avizinhava. Hoje confessa sem pudor a sua angústia: "Está parado, e há-de parar muitas mais vezes". Porquê? A resposta não podia ser mais irónica: por causa do tempo. Ou melhor, da noção que dele têm diferentes pessoas, neste caso ele e o organismo que tem o arco à sua guarda.
Cousinha diz que foi há um mês que tudo mudou, quando a chave do arco transitou para as mãos da Direcção Regional de Cultura de Lisboa. Habituado a pedir a chave a qualquer hora para ir afinar o volúvel relógio, viu-se obrigado a vergar-se aos horários do funcionalismo público. Já só podia mexer nas rodas e no pêndulo a horas decentes, e sempre acompanhado de um funcionário do Estado. Depois da máquina, foi a vez de o homem se rebelar: "É caricato, ridículo. Não nos deixam trabalhar, estou revoltadíssimo". O pior é que na direcção regional também há quem se queixe de ter ficado horas a fio à espera do consertador de relógio. Na versão oficial dos factos, Cousinha nunca se queixou dos novos horários. "Se ele tem algum problema temos toda a disponibilidade para ir lá fora de horas", asseguram os responsáveis deste organismo.
Calibrada nos mecanismos dos dispendiosos relógios de pulso que importa para Portugal, a casa Torres vê com maus olhos o que se está a passar. "O funcionamento do relógio do arco da Rua Augusta já devia ter entrado em velocidade de cruzeiro. Não estávamos à espera que isto acontecesse nesta altura do campeonato", observa Paulo Dias, da empresa. Depois deste primeiro restauro, a Torres tinha-se disponibilizado para avançar com operações semelhantes em Coimbra e no Porto, ao ritmo de um relógio por ano. Está desde Janeiro à espera que o Instituto de Gestão do Património lhe indique um relógio a precisar de restauro numa destas cidades. Os caprichos do tempo parecem também aqui ter vencido a vontade dos homens. »

Pois é. Nada que não se previsse. O relógio nunca esteve certo desde que foi 'inaugurado'. O pior, é que me parece que o problema está no relojoeiro... a seguir aqui.

Wednesday, January 2, 2008

Afinal, como é, Sr. Cousinha?




Foi notícia e teve direito a ministra e tudo. Só que, nem passados 5 dias e já estava atrasado ... e ontem estava adiantado entre 3 e 4 minutos.

Fotos: Torres

Tuesday, January 1, 2008

Onde param os familiares de Augusto Justiniano de Araújo?


O primeiro relógio colocado no Arco da Rua Augusta veio do Convento de Jesus (hoje Academia das Ciências), e foi adaptado por Augusto Justiniano de Araújo (Valença, 1843 - Lisboa, 1908). O primeiro relógio colocado no Mercado 24 de Julho era igualmente da sua autoria. Augusto Justiniano de Araújo é um dos grandes relojoeiros portugueses de sempre e o fundador da Escola de Relojoaria da Casa Pia, ainda hoje a única escola do género existente no país. Dois mistérios - o primeiro, onde pára a máquina primitiva do Mercado da Ribeira? o segundo, haverá ainda descendentes de mestre Araújo? Aqui fica o apelo público, pois estou a preparar uma monografia sobre a personagem e falta-me sobretudo iconografia. Este anúncio figura na revista que Araújo fundou, o Cosmocronómetro, e onde se referem alguns dos relógios que fabricou e os sítios onde foram instalados.